Eu preciso muito dizer...
Que sou escravo de tantos impulsos. Alguns animais, alguns racionais, outros um tanto o contrário. Eu preciso dizer que percebo o sabor dos meus próprios lábios secando. Que tenho passado a lingua no céu da minha boca que a minha saliva tem secado rápido demais. Meu suor fede mais que antes. E eu suo o meu suor barato de padaria a qualquer instante.
Tenho até pressentido milagres. Banalidades que atravessam a minha noite com um toco de vela em mãos. A cera queima a pele. A cera derrete. A vela é acesa. É noite, a luz faltou. Quer saber? A luz acabou de vez. Quando voltou eu vi um outro milagre acontecendo: estava de pé outra vez.
Eu preciso muito dizer também que ainda preciso crer naquilo que canto. Minha voz escoa, escorre, ecoa entre gotas e memórias (talvez você perceba). Fico rouco sempre, fico leucêmico de vez em quando. Mas tudo volta a cada canção. É a canção que eu quero lhe dar. É a canção que preciso dizer:
Que eu tenho tanto a doar... o meu sangue: nem tinto, nem branco, que é o mesmo que o seu. Temos o mesmo sabor amargo. Bebemos com as duas mãos da vida crua e mal fervida. E repetimos a dose. A culpa é de ninguém. Nos saboreamos ainda.
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coisa mais naturalista aí...
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