De que ele já havia aposentado seus calos. Tombou cabeça para canto, novamente, apontando parede, fechando olhos, palpebras, mente. Escrevia com quase coragem e quase covardia, quando mais jovem. De coragem tinha de fitar desconhecidos, deste ou de outro lado de espelho. De covardia havia “bons dia” e “...’tarde”, sequer evitados, ou senão, respondidos com sustos e gaguejos. De seu relógio sem ponteiro, não digital, cuja importância era irrelevância: jamais soubera ver horas nele. De indeterminação, tanto fazia.
De saudades de mãe e irmã sua. Com dados sinais periódicos de vida, em quarto de lado. Saudáveis, sociáveis, normais, saudáveis, deve-se citar. Lembram-se de dia que ele desaprendera pronuncia de nomes próprios. Vocativos. Sem mais, pensavam vizinhos ser mudo, agora. Não. Gritava, quando calor e sufoco das cobertas quentes pinicavam. Iam interjeições, deuses, putas. Nunca ninguém chamado. De si para si, tudo. Da mesma forma, não atendia chamados. Mãe, irmã, batendo em porta de quarto. Sem resposta. Abria porta e saia quando queria. Trancava-se sob mesma regra. Apenas. Em início, consternação de parte delas. Com tempo, costume. Sentia falta, claro, como qualquer boa mãe e/ou irmã. Tardes eram solitudes, contudo, nada mais que isso. Solitudes.
D’ele, em seu quarto, divagava, devaneava, sem lembrar de certo quando deram início surtos, sandices crônicas, ou quê. Desaprendera vocativos, já acostumara-se com isso. Preocupação veio quando artigos também foram desaprendidos. Nem determinados, ou indeterminados. Tanto fazia se aglutinados em preposições ou tolices linguísticas outras. Seja que era que fosse, chegara a controlar cada palavra. Escrita, pensada. Seu último souvenir de desesperanças e memórias vagas reinventadas –escrever- despedaçava-se junto de outras coisas. Indefiníveis.
E escreveu até tinta de teclas apagarem.
E escreveu até tinta de canetas secarem.
De folhas em branco, inimigas de antes, agora criara costume.
E escreveu até tinta que ilustrava pensamentos acabar.
Deu por fim a saudade da mãe e da irmã.
E de céus estralados e campos verdejantes de glacê.
Só a parede, do sem sentido tombado e ao calo maior cada vez mais.
A vida do ensaio improvisado era uma vaga sentença do primeiro versinho daquele poema, enpacotado em papel crepom rosado, forma de coração-abacate.
O primeiro soneto também estava debaixo da cama, num papel manchado de café, dividindo moradia com umas aranhas feitas de poeira e umas formigas desabrigadas.
Ninguem leu, leu os dois posts acima e gostou mais do mais antigo (em qual estou comentando).
ReplyDeleteNinguem era para ler, certo?
Um personagem mentecapto que vai narrando perturbadoramente, em 3ª pessoa, sem uso de artigos, o seu estado de sandice.
ReplyDeleteTira cabeça de parede e vai dar abraço em tua mama, sô! rs