"Chega, eu já disse que estou sem tempo. Anda!" Eu pedia mais um segundo, mais um trejeito desejeitado, mais um qualquer..., qualquer coisa servia, qualquer pedaço dela, -qualquer, qualquer-. Mah estava saturada, e não cabia nos próprios gestos de inquietude, desdém, e derivados. Perna cruzada (a dela), eu notava até cada um dos milhares de pontos negros ao longo de suas... "distantiosas" pernas (não tinha adjetivos nem então, fitando à 3 palmos à própria, quanto mais agora, a séculos-luz do que ainda me resta da memória, de sua imagem... "cálida", "pura", "cas.."...Raios! Sempre péssimo, previsível, óbvio na escolha dos meus adjetivos...). Coçava a nuca a cada montante de segundos, o couro cabeludo com a ponta fina da unha do dedo mindinho, com esmalte-recém-retocado rosado claro, e os fios finos semi-castanhos no colo superior dos seus dedos, e as mordidas, beslicadas, que Mah mesma dava na ponta de seus lábios de um róseo natural, quase rústico. (Tudo passava por mim, tudo seria transposto no que eu pretendia.)
Forcei a garganta, pouco, escalavrando-me por um instante curto, e enfim o olhar dela recaiu do ponto mais alto do teto da sala, para... para... para... apontar o meu queixo. Pedia para que não se mexesse, a partir dali, e eu que um dia a quis tão impalpável, para não corromper-me e decepcionar-me, caso a tatuagem que já havia marcado, à ferro e água, há anos no meu inconsciente, se revelasse inverossímil... Eu que já a quisera na devida distância, nem transeunte na linha do horizonte, nem na esquina, à porta da confeitaria, podia agora até ajeitar-lhe a cintura, e pedir pra que inclinasse 20 graus a esquerda, e pedí-la para calcular o cosseno daquele ângulo, em uma quase piada, e já esperar seu sorriso torto, porém espontâneo, com o qual eu vinha me familiarizando, tão intimimamente, tempo atrás.
Mah não entendia, e já desistira há algum tempo de compreender minhas loucuras. Talvez pela “intagibilidade e imensurabilidade no que se refere aos pensamentos e alma de cada um”, arriscaria um livro de auto-ajuda, mas ela recusava, sabia eu, essas generalizações, e já tivera atenção específica em mim, também, um dia. Os rabiscos na parede, meu sol de sorriso não-linear, de brilho tangente ao solo, "isso era para ser uma estrela?", o meu verso (ou de outro tolo), meio sem nexo, rabiscado no canto superior direito do caderno. "Quê que tá escrito aqui? Você ainda estuda árabe?". E me fazia soltar o riso, mais barulhento e incômodo do que as pessoas ao redor esperariam, e que ela recebia, sempre, com mesmo espanto, contudo, de sua parte, que se tornaria surpresa agradável. Mah nunca entendera plentamente nada de mim, e preferia assim permanecer, como em um estado de espírito, e estava ali diante de mim, fazendo pose, de Monolisa-pós-moderna, que ao invés de guardar um riso cínico, postava na face os dentes como em alicerces metálicos de algum prédio de luxo (sim, ela e seu aparelho). Eu, não... não... não tinha nada de tinta, nem aquarela, e nada de artigos pintura, como insinuei há pouco, faltava-me, e até hoje é assim, o talento para esse tipo de arte. Eu rabiscara, sim, primeiro, em giz de cera marrom um esboço, traços sem nexo, deslinhados, aleatórios. Refiz e fiz e refiz circulos grandes, mesmo sem compasso. Fiz o serviço em cartolina “papel-40-quilos”, e pronto: um mosaico digno de trabalho de jardim de infância (sem desmerecer a sinceridade de tais "obras", claro).
Mah espreitara minhas intenções com o papel, tivera a noção do que se tratava, e começara a rir desembestadamente... “Mas o quê...? Não acredito...”. Ela me dava naquele instante o “qualquer-qualquer” pedaço dela que eu tentara garimpar até aquele momento. E que agora, agora-agora, tanto me falta, enquanto, deitado, aqui, com dormência impiedosa atacando as pernas, vejo da janela, o sol e a luz amarela pálida, passando por esses vitrais pseudo-góticos, e colorindo tão falsamente o chão e o azulejo branco daquela, dessa sala, de vinho, roxo, e fim e noite precoce. E fim.
No cálculo, a integral de uma função foi criada para originalmente determinar a área sob uma curva no plano cartesiano e também surge naturalmente em dezenas de problemas de Física, como por exemplo na determinação da posição em todos os instantes de um objeto, se for conhecida a sua velocidade instantânea em todos os instantes. A integral também é conhecida como antiderivada, ous seja, é o contrario da derivação.
ReplyDeleteIntegral Definida (aula passada) - Uma integral definida consta basicamente em integrar uma função constante nos intervalos, através das primitivas, que nada mais são do que a função integrada a cada membro.
(Fonte: Wikipédia.)
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Ainda acho melhor você continuar a escrever para a Elis ler, mesmo que as vezes ela fique sem entender.
(este comentário não agrega valor)
gostei particularmente do final em itálico... ai que inveja de vc, que consegue escrever... eu nem... =/
ReplyDeleteBem... visualizando as cenas, o que pude enxergar foi a tentativa de eternizar uma imagem de alguém que não permaneceria para sempre, e que o outro sabia disso. E que, depois, estando só e distante desse alguém, lamenta não ter conseguido dar vida à imagem... dar semelhança ao que realmente ela representa...
ReplyDeleteConfesso que não foi fácil chegar a uma conclusão e algumas coisas ficaram meio abstratas na minha cabeça, como: onde realmente esse cara está deitado?? rs. Me parece um lugar um tanto mórbido e não quero acreditar que seja mesmo o que eu estou pensando...
Mas então, eu gostei do texto! Só queeeeee, se fosse pra eu escolher, escolheria aquele do pombo pra você mostrar pro escritor. rs
Questão de opinião! rs